UMA CRÔNICA PARA SE PENSAR O ENSINO

17/06/2011 13:01

Contribuição:

Fabíola Maciel
Professora Coordenadora LEM (Inglês)
Oficina Pedagógica - DER Jacareí

 

           UMA CRÔNICA PARA SE PENSAR O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA          

 

- Vou dizer o que penso, Roberto. Acho que aprender Língua Inglesa, além de sacrifício, é uma enorme bobagem...

-Bobagem? Porque você pensa assim?Porque você pensa assim?Não acredita que a possibilidade profissional de quem domina uma segunda língua é muito maior de quem não a domina?

- É exatamente isso que eu quero justificar. Dominar uma segunda língua é, de fato, muito bom, vale muito. Mas, o que se aprende no Ensino Fundamental é muito pouco para que a pessoa domine bem essa segunda língua. Além disso...

- Além disso? Além disso, o quê? Que outros argumentos você tem contra as aulas de Língua Inglesa, que por sinal, estou adorando?

- Como eu dizia, aprender algumas poucas palavras não vai melhorar muito seu currículo e com exceção de atividade na área turística, essa aprendizagem somente leva a perder tempo. Hoje em dia, poucos vestibulares ou concursos de admissão requerem o domínio do inglês e grande parte dos textos necessários para o uso deste ou daquele produto importado já trazem versão para nossa língua ou, pelo menos, para o espanhol. Por isso, eu repito, acho que o inglês deve ser banido nas escolas públicas e, em seu lugar, seria interessante colocar mais aulas de Matemática, Ciências ou mesmo de Educação Física. Estou errado?

- Não há dúvida de que você está errado! Pense que possuindo um vocabulário lingüístico maior ou um pouco maior ainda assim, o fato de aprender Inglês vai ajudar minha capacidade geral de compreensão oral, meus pensamentos e minhas habilidades. Aprendendo uma língua que não falo, esforço-me em comparar, analisar, explicar, aplicar e, mesmo que mal consiga, tudo isso é ganho para mim. Estou empolgado com as aulas do Prof. Nelson, não porque tenha esperanças que saia do Ensino Fundamental dominando inteiramente outra língua, mas para que pense coisas que não costumo pensar, procure respostas na internet, compreenda melhor a computação, tenha maior interesse na literatura e assim aprimore minha capacidade em me comunicar na minha língua materna. Penso, meu caro amigo, que mesmo não podendo ao final do curso me expressar com transparente clareza em inglês, com o pouco que posso aprender ganho novas lentes para meus velhos óculos.

- Novas lentes? Óculos? De que você está falando? Você nem usa óculos?

- Estou usando uma metáfora.As lentes de que falo são lentes de mentirinha, mas com o esforço para dominar palavras estrangeiras levo essa vontade em minhas paqueras, ao cinema, carrego comigo toda vez que assisto um filme na TV. Não vou aprender tudo, mas sei o quanto posso ajudar as lições de minha irmã, as letras musicais que meu primo canta sem saber as bobagens que diz, as pequenas dúvidas do meu pai e da minha mãe com o controle remoto e com o manual do DVD, a minha tia quando está navegando na internet. Novas lentes, porque cabeça que se envolve em domínio lingüístico, maior é o cérebro com pensamentos mais amplos, com focos mais abrangentes, que por aprender mais outra fala ainda melhor a sua língua, inventa trocadilhos, reforça diálogos, cresce em sua autopercepção como ser humano. O mundo de ontem, meu amigo era um mundinho regional e uma só língua chegava; o mundo de hoje já não possui fronteiras e outra língua é ingresso garantido no futuro. Será que estou falando bobagem? Vamos aprender a pensar como o nosso Prof. Nelson!

 

Extraído e adaptado do Livro: Língua Estrangeira e
Didática – Coleção como Bem Ensinar – Editora Vozes